Entrevista Maria Rita Kehl
“A depressão cresce a nível epidêmico”
Em entrevista exclusiva para Caros Amigos, a psicanalista fala de seu novo livro, analisa as conseqüências do ritmo frenético da vida contemporânea e aponta a depressão como sintoma social de uma sociedade que cria o “sujeito esvaziado” Maria Rita Kehl conta a sua experiência como Jornalista, nos anos 70 e 80 e, mais recentemente, como psicanalista de homens e mulheres que integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,na Escola Nacional Florestan Fernandes.Ana Maria Straube: E sua tese de televisão já tinha alguma coisa a ver com psicanálise?
Nada, nada. Claro que se você faz psicologia, lê algumas coisas, você tem um pouco de abertura para entender com objetividade. A minha tese era “O papel da Rede Globo e das novelas da Globo em domesticar o Brasil durante a ditadura militar”. Pegava desde a primeira novela, foi de 73, as novelas das 8, desde Irmãos Coragem até na época, que era Dancing Days, mostrando como se criou um retrato, uma imagem do Brasil para si mesmo. A brincadeira na época era assim: a única coisa que os militares conseguiram modernizar durante 20 anos de ditadura foi a imagem televisiva que o Brasil apresentava para o próprio Brasil, que é o que o Brasil acreditou. E a minha tese era mais ou menos isso.
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